Bartolomeu Sozinho é um velho mecânico naval moçambicano, aposentado do trabalho, mas não dos sonhos ardentes e dos pesadelos ressentidos. Tudo isso ele elabora em seu escuro quarto de doente terminal. Sidónio Rosa, médico português, é quem atende Bartolomeu em domicílio.
A narrativa entrelaça a vida de Bartolomeu com a de sua rancorosa mulher, Munda. Há também a ausente e quase mitológica Deolinda, filha do casal, o dedicado Doutor “Sidonho”, bem como de Suacelência, o suarento e corrupto administrador de Vila Cacimba. A Vila é um lugarejo imerso em poeira e cacimbas (neblinas) enganadoras.
São vidas feitas de mentiras e ilusões que tornam difícil diferenciar o sonho da realidade. Aparentemente, Sidónio veio de Lisboa para curar a vila de uma epidemia. Mas é o amor pela desaparecida Deolinda, por quem se apaixonara em Lisboa, que impulsiona seus passos mais íntimos. Quando Deolinda voltou para sua terra natal, Sidónio viu-se teleguiado pelo sonho de reencontrá-la. Mas Vila Cacimba não é o lugar do médico, nem poderá ser jamais. “No fundo, o português não era uma pessoa. Ele era uma raça que caminhava, solitária, nos atalhos de uma vila africana”, diz o engenhoso narrador deste belo romance.
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