A linha de sombra conta a história de um capitão de primeira viagem lançado ao mar para realizar uma travessia, a da juventude à vida madura. Não há cenário melhor do que o mar para se deixar de ser jovem, daquela maneira descuidada e ardente, nas palavras do autor, e tornar-se adulto, mais autoconsciente e pungente.
O mar força a ação, querendo ou não, deve-se agir. Lidar com o vento, com a tripulação e com a própria consciência – inquiridora recorrente quando se está no meio de um oceano – são momentos de precipitação oportunos nesse caminho do qual se pode afastar-se, mas não escapar.
Dele não fugiu um rapaz polonês, que aos 21 anos já perdera os pais, tentara o suicídio e se aventurara em navios mercantes. Essa não é descrição de mais um personagem, mas sim do próprio autor. Conrad esteve nos lugares que descreve tão bem; conheceu figuras enigmáticas, como o capitão Gilles, paranoicas, como Mr. Burns e prestimosas, como Gambril. E, como muitos de seus heróis, rearrumou a memória e narrou o que viu, ouviu e viveu.
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