Livro 1 – A mulher surda na Segunda Guerra Mundial (HQ em libras)
Essa HQ bilíngue foi idealizada, roteirizada e criada por mim, Germano Weniger Spelling, surdo e aluno do curso de licenciatura Letras Libras da Universidade Federal do Paraná, tendo por objetivo apresentar a história da mulher surda no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Criar uma narrativa visual para minha comunidade é a mais bela forma de homenagear minha cultura, meus professores e principalmente meus alunos. Tomando como base meus estudos científicos anteriores, orientados pelo professor Danilo Silva, também surdo (SILVA; SPELLING, 2018), relatamos teoricamente as práticas aplicadas pelo regime nazista sobre pessoas surdas durante o período em questão. Mostramos que milhares de pessoas surdas foram submetidas à eugenia, à eutanásia, à esterilização, bem como a abortos forçados na expectativa de que as pessoas surdas fossem eliminadas em futuras gerações arianas. Esses resultados mexeram muito comigo e, a partir da minha percepção de que eu e outros surdos não sabemos muito sobre a história dos surdos no Brasil e no Mundo, iniciei outra pesquisa: um trabalho de conclusão de curso com a professora Kelly Priscilla Lóddo Cezar, motivado pelo trabalho de Luiz Gustavo Paulino de Almeida e a bela recepção da história em quadrinhos O congresso de Milão. Então, dei início a minha criação. A história aqui contada fala sobre uma mulher surda que, durante a segunda Guerra Mundial, descobre que está grávida e sofre todas as formas de opressão, sendo separada de sua filha depois do parto. Após alguns anos de sofrimento e com o final da Guerra, Sara reencontra sua filha e torna-se professora, repassando seus conhecimentos em língua de sinais. A história é marcante e considerada “pesada”, não há como não se emocionar!!!
Essa HQ bilíngue para surdos visa de forma sensível abordar questões do adoecimento psíquico grave em jovens e adolescentes surdos brasileiros. Embora toda a trama seja sustentada pelo pano de fundo da cidade de Curitiba/PR, tem como premissa alcançar todos os surdos que se enquadrem nos riscos de violência autoprovocada ou de ideação suicida. Ela apresenta uma representação gráfica com traços sensíveis e coloração aquarelada nos predominantes tons de amarelo, azul e verde. A escolha das cores se dá pela simbologia que carregam, cada qual representando um movimento social. Azul é a cor que representa a comunidade surda, carrega uma historicidade política, cultural e linguística, enquanto o amarelo é símbolo da vida, do mês de prevenção ao suicídio. Com as duas cores misturadas, formam-se a terceira cor predominante em nossa história em quadrinhos, o verde! Essa cor faz alusão exatamente ao seu sentido mais stricto: a junção de duas cores para a formação de uma terceira, terceira essa que passa a assumir um significado extremamente sensível: o valor que as vidas surdas têm!
A junção das duas cores retrata a união de dois movimentos, duas forças que se casam para dar vida a um terceiro movimento, o setembro verde, mês que assume para nós uma roupagem de esperança para uma comunidade que por muitos anos não foi viabilizada pelos projetos e movimentos que visam assegurar a vida de todos e das minorias em risco eminente.
O material retrata a história de dois adolescentes surdos que residem em Curitiba e compartilham de uma melancolia silenciosa. Ambos se sentem constantemente tristes e angustiados e não conseguem falar sobre o que sentem pela barreira linguística que os permeia até que se deparam com uma profissional – psicóloga – surda que minimiza a barreira linguística e pode fazer uma intervenção segura.
Livro 3 – Surdolimpíadas – encontros linguísticos
“A narrativa aqui conta a história de dois personagens surdos que se encontram a caminho da surdolimpíada para disputarem a Modalidade Orientação. Ela chama-se Júlia, compete na modalidade Cidade. Ele, Júlio, apelidado de Juju, compete na Mata, ambos personagens foram inspirados em indivíduos reais da comunidade. Durante a competição, as ilustrações perpassam as regras da modalidade Orientação em verde e amarelo. As cores foram propositalmente escolhidas para representar as surdolimpíadas no Brasil. Este material, além de ser bilíngue, pode ser utilizado em várias etapas do conhecimento escolar que sirva de motivação para a criação de outras HQs sinalizadas sobre os artefatos culturais, em especial, as da área do esporte.” (Anderson Marcondes Santana Junior – autor do Prefácio)
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