Considerada a grande novela do início do Modernismo português, A confissão de Lúcio foi publicada em 1914, revelando as três obsessões dominantes de seu autor: o suicídio, o amor proibido e a loucura.
O conto narra a história de um triângulo – Lúcio, Marta, Ricardo. Os estudiosos vêem em Ricardo o outro de Lúcio e Marta a ponte de ligação entre eles.
Apresentado sob a forma de romance policial, a exemplo das novelas fantásticas de Edgar Poe, o conto inicia com uma breve introdução, em que o narrador, Lúcio, assumindo-se como autor, justifica o seu objectivo: confessar-se inocente após ter cumprido os dez anos de prisão a que fora condenado por assassínio de um amigo, Ricardo de Loureiro.
O narrador promete dizer toda a verdade, “mesmo quando ela é inverosímil”, sobre essa morte ocorrida em circunstâncias misteriosas e sem testemunhas, mas considerada judicialmente “crime passional”. Lúcio percebe uma semelhança entre Marta e Ricardo. Ele diz que os dois têm os mesmos gostos e até o mesmo sabor do beijo (Lúcio e Ricardo beijaram-se por causa de uma brincadeira).
Por ser um texto de vanguarda, já que o autor se empenhou na busca de novos significantes numa ruptura com o modelo centrado no código princípio-meio-fim, esta obra de ficção continua aberta a novos estudos. É a narrativa que “para todos os efeitos” faz arrancar “o cânone contemporâneo, português e homossexual”, segundo o crítico e escritor Eduardo Pitta, em Fractura.
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